Vino 101 – Começando a Degustar
É muito difícil entender os sabores e aromas de qualquer coisa. Quando o assunto o assunto é vinhos, o problema parece maior ainda. O valor e qualidade de bebidas e comidas, continua sendo algo subjetivo. Porém, não nos dedicaríamos tanto à enogastronomia, se não fosse algo bom. Não sabe como começar a degustar um rótulo? Esse guia é para você! Nesse Vino 101, preparamos um guia básico para introduzir a todos à arte da degustação. Quem sabe você não acaba se descobrindo um potencial sommelier conosco?
Como começar?
Todos os fãs de reality shows gastronômicos já devem ter visto como críticos começam a julgar um prato a partir do momento em que ele entra em seu campo de visão. Pois o mesmo pode se aplicar a vinhos. Sim, sentimos sabores somente com a língua, mas saboreamos com todos os sentidos. Não entendeu? Bom, vamos te explicar passo a passo.
Olhe
Cor, opacidade, viscosidade (as famosas lágrimas de um vinho), reflexo. Tudo isso já entregam muitos detalhes sobre um rótulo. Por exemplo, a cor violácea em um vinho tinto indica um rótulo jovem e leve. A cor rubi é característica de rótulos com um tempo de envelhecimento maior e bem encorpado. Talvez você se depare um dia com um tinto de cor alaranjada ou até de tons marrons. Não, ele não está estragado. Você provavelmente tem um vinho muito especial em mãos, esses tons aparecem somente em vinhos a partir de 20 anos de idade (ou mais!). A não ser que você esteja participando de uma degustação às cegas, esse passo pode ser rápido, a maioria das informações que você identifica pelo visual estarão descritas no rótulo.
Cheire
Depois de servido o vinho, não seja tímido, pode dar uma boa cheirada dentro da taça. Os aromas indicam qual variedade de uva utilizada, onde foi plantio, tempo de envelhecimento, o que esperar do sabor, teor alcoólico e muito mais! Se você tem dificuldades em identificar aromas além dos óbvios (uvas e álcool), temos duas dicas.
Inale em ritmos alternados: Puxe o ar por um tempo longo, afaste a taça, volte com ela ao seu nariz, inale rapidamente várias vezes… não seja tímido, tome o tempo necessário para que você comece a entender os aromas.
Aere o vinho: Se você nunca ouviu esse termo, sabemos que está pensando “Vinho respira?!”. Sim! O oxigênio é importantíssimo para a bebida. O contato do vinho com o ar, ajuda a liberar novos aromas e desenvolver sabores. Para isso, utilizamos decanters, aeradores ou simplesmente giramos a taça de vinho.
Notas de menta, chocolate, frutas silvestres… nunca sentiu isso? Pense primeiro em aromas gerais. Afinal, esse vinho tem aroma de ervas? Sim, não? Se sim, quais? Aroma de frutas? Óbvio! Cítricas, silvestres, brancas, vermelhas, negras? Hum…
Comece identificando o básico para então identificar os detalhes. Para ajudar, em um vinho, você pode encontrar os seguintes aromas básicos: frutas, ervas, flores, fermentação (como de um pão de fermentação natural), especiarias, nozes e animal (como o de couro).
Saboreie e sinta
Chegou nossa hora favorita! Primeiro, tome um pequeno gole, use-o para limpar seu paladar e não deixar que aquele chiclete de 40 minutos atrás interfira sua experiência. Na sequência, dê um gole maior e leve seu queixo até o peito, para que assim, quando você engolir, o vinho passe por toda sua boca e você possa sentir toda a complexidade de sabores da bebida.
Nossa língua é capaz de detectar sabores salgados, azedos, doces e amargos. Todos os vinhos terão algum amargor, afinal, uvas possuem ácidos naturais que permanecem no produto final. A quantidade irá variar dependendo da variedade de uva, local do plantio, clima etc. O açúcar residual da uva irá impactar diretamente na doçura do rótulo. Se você tem dúvidas sobre a quantia de açúcar por tipo de vinho, recomendamos conferir nossa primeira aula.
A textura do vinho é algo importantíssimo também, ele indica o teor alcóolico e a quantidade de taninos presentes. Esses fatores criam a sensação de vinhos terem um sabor mais rico e encorpado em relação a outras bebidas. Navegue o vinho por toda sua boca, da ponta da língua à base, passando também pelas laterais para ter uma percepção mais aguçada dos sabores presentes.
Engoliu? Ótimo! O que você sentiu depois de beber? Durante quanto tempo você ainda sentiu o sabor do vinho? Você teve a sensação de água na boca após beber? Os aromas que você sentiu anteriormente se confirmaram na boca, ou apareceram novidades? Faça essa e mais perguntas para você entender essa importantíssima etapa.
Pense
Você gostou do vinho? Ele era balanceado ou não (ou seja, muito ácido, muito alcóolico, muito tânico)? Esse rótulo é único ou memorável? Que características se destacaram ou lhe impressionaram? Pensar é tão importante quanto beber o vinho na hora de degustar. Somente assim você poderá começar a entender sobre vinhos. Não precisa se sentir intimidado quando seu amigo imediatamente começar a descrever o que sentiu. Tome o tempo necessário para apreciar a bebida e, se necessário, repita!
Falando sobre vinhos
Depois de tudo isso, talvez falte palavras para descrever um rótulo. Ou então, você está querendo escolher qual levar para casa e não entende nada que estão falando sobre o vinho. Para facilitar sua vida e melhorar sua compreensão, separamos uma lista de termos gerais que você precisa saber quando o assunto é vinho:
Acidez: a vivacidade do vinho que ativa suas glândulas salivares;
Adstringência: um termo de degustação para descrever amargor, impacto e sensação de boca seca causadas por altos níveis de taninos de um rótulo;
Aeração: adição proposital de ar ao vinho para suavizar os sabores e exibir novos aromas;
Amargor: sensação detectada no fundo da língua causada pelos taninos de um vinho.
Barril: recipiente de carvalho usado para fermentação e envelhecimento de um vinho;
Complexo: um vinho que exibe vários sabores, nuances e aromas;
Corpo: sensação de textura que descreve o peso e a abundância de características de um vinho na boca. Um rótulo pode ser leve ou encorpado;
Corte: descrição utilizadas para vinhos com mais de uma variedade de uvas;
Envelhecimento: preservação proposital do vinho em barris, tanques ou garrafas para produzir sabores e aromas novos ou elevar alguns já existentes;
Equilíbrio: quando os elementos do vinho (ácidos, açúcares, álcool e taninos) aparecem de maneira harmônica;
Fermento: microrganismos responsáveis por transformar os açúcares da uva em álcool e gás carbônico (no caso de espumantes e frisantes);
Jovem: um rótulo que costuma ser engarrafado e consumido em um ano de sua colheita. Vinhos “feitos” para se beber jovem tem sabores frescos e nítidos;
Oxidação: vinho exposto ao ar que passou por alterações químicas;
Peso: Similar ao corpo. Como um vinho é sentido na boca, se é viscoso ou rico em sabores;
Seco: sensação de gosto atribuída a taninos que causam a sensação de secura na boca. O oposto de suave. Aprenda mais em nossa primeira aula;
Taninos: composto orgânico encontrado naturalmente em diversas plantas. Deixam uma sensação de amargor, secura e impacto no paladar. Se você ainda não entendeu, temos um experimento. Pegue um saco de chá preto e coloque na boca, as folhas são puro tanino;
Terroir: palavra francesa para as características geográficas únicas de um vinhedo específico;
Textura: termo para como você sente o vinho no paladar.