Vino 101 – Tipos Básicos de Vinho
Com mais de 500 tipos de vinhos, 377 variedades de uvas e cerca de 700.000 hectares dedicados à vinicultura, é impossível negar que nós italianos somos apaixonados por vinho. Para iniciantes, é difícil entender por onde começar quando falamos dos vinos italianos. De norte a sul do país, você encontra diferentes estilos da bebida sendo produzidos. Mas hoje, iremos começar a desmistificar os vinhos italianos e esperamos que você acabe sendo um sommelier ao final de nossa série. Nesse primeiro Vino 101, explicamos os tipos básicos de vinhos.
Tinto: O mais tradicional dos vinhos. Os tintos italianos são amados por sabores marcantes e uma imensa variedade produzida, dependendo de uvas utilizadas e da região de plantio delas. O vinho tinto é o resultado da fermentação do suco de uvas (sempre escuras, mas já falaremos disso) com as suas cascas. Adicionando a coloração característica do vinho e os antioxidantes e outras substâncias encontrados nas próprias cascas que geram seu sabor diferenciado (que será assunto de outro dia!). Os vinhos tintos podem ter diferentes colorações por conta da uva e o tempo de fermentação do vinho junto das cascas (esse processo é conhecido como maceração).
Bianco: Diferente do que muitos acreditam, o vinho branco não é feito exclusivamente com uvas brancas. A primeira etapa para a produção de um vinho é a prensagem delas. Na sequência, é a maceração das uvas, para criar o mosto que será fermentado e se tornará na bebida que tanto amamos. A vinícola pode optar por deixar ou não as cascas da uva no mosto durante a maceração, para assim criar um vinho tinto ou um vinho branco. Portanto, um vinho feito de uvas brancas nunca poderá se tornar um tinto, mas o contrário pode ocorrer sem problemas.
Rosé: Talvez um dos vinhos de produção mais delicada, o rosé é feito tradicionalmente a partir do tingimento de um vinho com as cascas de uvas escuras por um curto tempo. Enquanto as cascas de uva costumam fermentar por semanas ou até mesmo meses em um vinho tinto, no rosé, o processo é de algumas horas. O vinicultor precisa de muita precisão e controle para atingir a coloração perfeita no vinho. Alguns rótulos também podem ser produzidos a partir da mistura de brancos com tintos em proporções controladas para garantir a coloração e sabor desejados.
Espumantes e frisantes: Na Itália, encontramos um tipo principal de espumantes, o Prosecco. Feito com as uvas Prosecco, também chamadas de Glera, esse espumante é comumente comparado ao Champagne francês, porém, suas formas de produção são diferentes.
O Prosecco não é envelhecido em garrafa como seu primo francês, a mistura de fermento e açúcar é adicionada ao vinho base em um grande tonel, onde passa por uma segunda fermentação, e então o fermento libera CO2 o vinho é filtrado e engarrafado, estando já pronto para o consumo.
Já o Lambrusco, primeiro, precisamos entender que é um frisante. A diferença? Claro que vamos explicar! Um frisante passa por um processo de fermentação sem a presença do vinho base, adicionando o teor alcoólico e o gás à bebida. A ausência do vinho base torna a bebida muito menos gaseificada que um espumante. Por isso, toma o nome de “frizzante” na Itália, por gerarem uma leve efervescência na boca.
Agora que já tiramos isso do caminho, vamos falar do Lambrusco propriamente dito. Ele é a denominação que se dá a uma família de 8 uvas italianas tradicionalmente usadas para a produção do frisante na região de Emilia-Romagna. Há registros da uva desde 160 a.C, ou seja, sabemos que estamos falando de uma bebida “old-school”. Contudo, foi somente a partir do séc. XVIII que frisante passou a ser produzido a apreciado amplamente, por terem sido criadas garrafas capazes de conservar o gás da bebida.
Vinho de verdade é só seco?
Resposta rápida: não! Muito acreditam que vinhos suaves ou outras bebidas não são considerados vinhos, mas qualquer bebida alcoólica feita a partir da fermentação do suco de uva é um vinho. A cerveja, por exemplo, é resultado da fermentação de grãos, um processo similar, mas que chega em resultados completamente diferentes por conta do produto usado na base. E variedade de vinhos é o que não falta.
O vinho seco é nada mais que a fermentação completa (ou quase) dos açúcares naturais de uma uva. Todo vinho com até 10g açúcar por litro em seu resultado final será considerado um “secco”. Quando há resquícios leves de açúcar no vinho, ele é rotulado com “abboccato” ou “semisecco” na Itália, no Brasil, conhecemos por demi-sec. Para ser chamado de abboccato, o conteúdo de açúcar por litro deve estar entre 10g e 30g, muitas vezes, resultando em um sabor até similar de um vinho seco.
Acima de 30g de açúcar por litro, o vinho é denominado como suave. O açúcar pode ser acrescido ao resultado final ou pode ser simplesmente resultado de uma variedade ou colheita de uvas com alto teor de açúcares naturais no fruto. Na Itália, você verá rotulado como “amabile” (que literalmente significa amigável ou encantador) ou como “dolce”.
E a sobremesa?
Um tipo muitas vezes incompreendido de vinho é o Vinho de Sobremesa. Esse vinho é feito com uvas super doces ou até mesmo as uvas passificadas. O processo de fermentação do vinho é interrompido por diferentes processos, um dos mais famosos é a refrigeração dele para interromper a ação do fermento.
Na Itália, não há um termo para denominar os vinhos de sobremesa, mas eles se caracterizam pelo sabor muito doce e um teor alcoólico maior que os demais vinhos, chegando até 21%. Um dos mais famosos é o Vin Santo (ou Vinsanto) que deve ter pelo menos 16% de teor alcoólico e mais de 50g de açúcar por litro de vinho (mas sabemos que em Portugal tem um que é muito mais reconhecido…).
Agora que já entendeu o básico, que tal uma lição de casa? Visite o Eataly e tente identificar pelo menos um de cada tipo de vinho em nossa adega (e que tal já aproveitar e levar alguns para a sua casa também?). Ti aspettiamo!